segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy e o extremista interno...


E vamos com o Le blog, eu tento passar um tempo sem escrever, quietinho no canto fazendo conta e acertando patrimônio, mas não tem jeito, chega a vontade de soltar texto e segue La pelota.

Quase ao mesmo tempo, duas notícias que mexeram o fim de semana de muita gente, o massacre da Noruega e a saideira de Amy Winehouse. Tristezas que o mundo joga via satélite em cima da gente e temos de engolir junto com o café sem pão.

Antes de começar esta postagem, estava prometendo a mim mesmo não fazer comentários sobre estes assuntos, estão sendo devidamente escarafunchados pela imprensa, principalmente a morte da Amy, mas sabe como é, não deu, vamos separar os assuntos.

No caso da Noruega dei uma de Mãe Dinah e fiz uma postagenzinha anterior falando dos extremistas da “supremacia da raça superior” (bleargh).

Como falei, o que me assusta não são tanto um bando de moleques que praticamente carregam um cartaz dizendo: “eu odeio tudo o que não considero ‘raça pura’ e vou arrebentar com meu grupinho quando eu estiver em vantagem de maioria”, o pior são os ódios invisíveis.

Sempre me vem na mente que todos os partidos de extrema direita que governaram países foram na maioria apoiados pela classe média, esta parte da sociedade sem um rosto tão definido como uma real elite ou uma classe trabalhadora.

Eu costumo flanar (verbo antigo....) pela internet em fóruns e sites que em alguns casos você não precisa se identificar ou deixa uma identidade virtual falsa (um fake). E nestes locais de anonimato, muito rancor e ódio fermentam, e vi não poucos apoiando o massacre da Noruega.

Mesmo doentio, alguns consideram o ato uma forma de heroísmo, “ele fez alguma coisa para resolver este problema (!)”, foi o que já ouvi. Mundo louco, mundo muito louco.

E o tchau da Amy... De começo não senti tanto, sim leitor, posso manter uma sensibilidade felina, como o seu gato de estimação que você passa 3 minutos falando dos seus problemas para ele e ele nem mia.

Mas começando a ver mais o trabalho da moça, que não era muito a minha praia musical, sabendo que ela era compositora da maioria das músicas, coisa que desconhecia, achava que ela era apenas intérprete, fui descobrindo que muito se perdeu.

Sim, ela se estourou nas drogas, perto do fim mal fazia shows, ou eram mais para freak show em que o pessoal esperava a hora que ela caísse do palco. Mas ela não era uma coisa fabricada e planejada para o gosto pop, ela tinha algo realmente pessoal para falar, e respeito muito isto no artista.

E não vou cair no papinho manjado de “ah, os artistas precisam das drogas para a criatividade fluir”. Grande maioria das pessoas que exageram em alguma coisa que mexe com o consciente (álcool, maconha, o que seja) costuma não fazer nada realmente produtivo.

Na verdade a probabilidade de fazer merda, além de artisticamente, é bem maior. Droga é uma escapatória de uma realidade que às vezes é muito áspera e pesada, mas ela cobra preços altos por estes pequenos paraísos macios e feitos de vapor. Tá, saiu meio moralismo babaca, mas é o que penso.

É, semana começa meio barra, mas os sobreviventes sempre prosseguem, é o que devemos fazer pra variar... Até um dia desses.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Imprensa marrom e yellow press....


Seguindo com o Le blog, catando assuntos como quem não quer nada, uma hora faço um blog específico de alguma coisa, no momento tenho apenas este que fica como escrita freestyle, ok? Segue o coletivo, e vamos indo.

Tablóides ingleses fazem escândalo sobre escândalos envolvendo...tablóides ingleses. Pois é, mais uma vez a discussão é sobre a ética jornalística, mas vamos cortar em pedacinhos este assunto: ética vale para toda a sociedade, não só para um determinado grupo, e temos atitudes antiéticas na política, no jornalismo, na construção civil, no truco, a lista é longa, fora que existe uma diferença entre a ética e a moral, a primeira sendo mais geral do que a outra que é mais específica e ligada à formação de cada pessoa e tal.

A gente acaba se confundindo com os termos, mas no fim o resuminho seria: procure não fazer bestagem. Enfim, temos de procurar sermos pessoas éticas, não porque determinado deus pode criar um castigo divino ou por medo de punição terrestre, mas porque é uma coisa certa a se fazer, simples.

No caso do tablóide britânico, as escutas já entram na categoria de crime, por terem sido feitas ilegalmente, e ainda por cima, em um caso de seqüestro de uma jovem, jornalistas apagavam a caixa de mensagens de voz do celular da menina para receber novas mensagens, e assim a polícia e os familiares achavam que ela ainda estava viva.

Além de atrapalhar as investigações (crime), foi uma completa falta de sensibilidade humana, tudo em nome de alimentar este animal feroz chamado “audiência”, que podem ser leitores, telespectadores, o que seja.

Estamos regredindo moralmente, se é que tivemos algum progresso. Atrás de tudo isso, a ideia cada vez mais difundida da notícia como espetáculo para entreter. A notícia é sim um produto a ser comercializado, deixei faz tempo a noção vã de que a imprensa é uma instituição quase sagrada, com seus repórteres Clark Kent em armaduras brilhantes. É uma empresa, com contas a pagar e que envia informação transformada em notícia para venda. Mas sempre existiram limites éticos, porém a dura pressão de resultados deixa o jogo insano.

Um atleta de ponta costuma não ter na realidade uma boa saúde, pois para manter seus resultados ele tem de obrigar o próprio corpo a uma rotina realmente desumana de treino, e se fosse realmente bom para a saúde os atletas não se aposentavam tão cedo da carreira esportiva e adquirem tantas lesões.

Na imprensa, é a audiência que resulta em renda de patrocínio que é a rotina desumana. Um apresentador como o Faustão mantém atualizado o Ibope do programa dele durante uma apresentação ao vivo, normal, ele está no campo do entretenimento. Mas isto cada vez mais é comum para apresentadores de telejornais, principalmente para os que usam do setor policial, a famosa “TV mundo cão”. Algo começa a ficar muito errado.

Para quem quer ter um aprofundamento maior, sugiro o site “observatório da imprensa”, local para a reflexão da função da imprensa, até mais, a gente se vê um dia desses.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Skinheads e o ódio nosso de cada dia...


E vamos com o Le blog, tentando achar uma pauta para esta semana. Não tenho uma vida realmente glamourosa (#fato) para dizer que fui semana passada para algum lugar incrível, ou coisa correlata, segue o texto...

Pra variar apareceram de novo os skinheads e sua galerinha da pesada fazendo altas confusões (sessão da tarde mode on). É lamentável, principalmente em um país como o Brasil, termos ainda este povo que pratica o ódio às diferenças como forma de expressão.

Eu tenho a teoria de que como a pessoa (costumam ser jovens) não conseguiu formar uma boa auto-imagem e fica com a auto-estima baixa por várias razões, ela acaba por fazer parte de alguma organização assim para compensar, o pensamento seria: “bom, eu sou um completo perdedor, mas em um grupo eu sou o cara...”, vale para torcidas organizadas ou para grupos que exigem esta entrega da individualidade, porque por mais que digam que fulano está em tal grupo para ser diferente, ele acaba com o mesmo “uniforme” daquele grupo, portanto cadê a individualidade? E como assim raça superior?

Primeiro: raça apenas uma, a humana, quem tem raça é cachorro e cavalo, e paramos por aqui. Depois não dá para considerar uma pessoa inferior a outra por ela morar em outro local, ou alguma coisa assim.

É mostra de grande imbecilidade fazer generalizações como “todos os gays são pervertidos”, “nordestino não gosta de trabalhar”, ou coisas idiotas assim. Claro que temos boas e más pessoas em todos os grupos, mas por serem pessoas, não por uma diferença geográfica, sexual ou pela cor da pele.

Daí vem um dizer “ah, mas temos de também mostrar nosso orgulho, porque existe orgulho negro, orgulho gay, e por que não orgulho branco cristão heterossexual?” Porque o branco cristão heterossexual não tem do que se orgulhar, eu como branco e heterossexual sei que vários como eu mataram, mutilaram, estupraram e destruíram outras civilizações e outros grupos por 6 mil anos, e mantiveram metade da humanidade (mulheres) em uma condição de sub-espécie durante todo este tempo. É algo para se ter orgulho? Holocausto é para se orgulhar e falar para as crianças estufando o peito de alegria?

É para dizer com grande orgulho para os netinhos que nossos antepassados mataram mais de 20 milhões de indígenas nas Américas, capturaram e usaram como objeto 15 milhões de africanos por 300 anos e que ainda hoje um cara gay pode ser covardemente linchado na rua por um grupo idiota de jovens homens cristãos brancos heterossexuais apenas porque aquele gay quer existir?

Pois é, tenho opinião sobre este assunto sim. Mas uma coisa mais perigosa do que um bando de meninos com testosterona não usada se batendo por aí são os que atrás de uma cara e postura totalmente “normal” pode declarar que eugenia e coisas assim pode ser uma coisa boa.

Eu pessoalmente tomei um enorme susto quando um conhecido meu, de ótimo nível intelectual/social, como diriam os repórteres policiais “acima de qualquer suspeita”, em uma conversa anos atrás estava me falando das “coisas positivas de Hitler e do Nazismo”. Na hora quase me engasguei com a cerveja... Mas passei batido, deixei pra lá e faz tempo que não o vejo, mas aquilo na hora me fez acender um alarme, para se aprofundar sobre o assunto recomendo o ótimo filme “A Onda”, bom, é isto aí, desculpa o tom da postagem desta vez, a gente se vê, até um dia desses.

domingo, 10 de julho de 2011

Momento "escritores que batem um bolão"


Neste intervalo entre uma postagem e outra, lembrei de um texto absurdamente bonito de João Cabral de Melo Neto. Aproveite e até uma nova postagem minha.

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


sábado, 2 de julho de 2011

Política, Buarquismos...

E vamos seguindo com o Le blog, este instrumento para elucubrações públicas sobre assuntos variados, traduzindo, este cantinho pra ficar falando abobrinhas pra quem a gente conhece e não conhece (eu vi nas estatísticas do blog um acesso da Argentina, caraca)...

Sim, continuo aqui na área administrativa da Casa de Leis de minha cidade. Pouca gente, bastante trabalho, mas costuma ser suave na maioria dos dias, tirando o dia da sessão ordinária, que temos de preparar o “palco”, acertar as coisas, deixar tudo arrumado para o trabalho legislativo.

Uma coisa que entristece um pouco é a falta de participação do pessoal da cidade em acompanhar o que o vereador está fazendo. Fato nacional: é quase um esporte falar mal de política e de políticos, mas acompanhar mesmo, só uma pequena parte faz isso. Daí acontece o que a gente vê por aí na maioria dos casos: no poder público a área técnica é ocupada por amadores, e a área política é formada por profissionais, salvo honrosas exceções que os concursos corrigem.

O pessoal aparece aqui na câmara na maioria das vezes para pedir alguma coisa ou por causa de alguma lei que atinge diretamente determinado grupo. Isso me lembra uma das propagandas do Tiririca, que perguntava para o eleitor o que um deputado faz, pois é, depois o palhaço é ele...

Enquanto a gente ficar interessado em política só para garantir o nosso, não adianta depois ficar reclamando da classe política, é como um pai segurando um copo de uísque na mão falando que o filho bebe demais.

Bom, era pra ser um Le blog com um tanto de humor, já que eu sou “um pouco” palhacildo (hehe), mas considero isto uma coisa séria, logo fica meio sem graça a postagem, perdão, qualquer coisa entra no site do Não Salvo e sem erro...

Bom, vamos mudar o tema, já completei minha cota mensal de textos chatos, eu acho. Está para surgir o CD novo do Chico Buarque.

Para o pessoal mais novo, CD era aquele disquinho que a gente comprava na loja para ouvir música, mais moderno que o LP, que não vou explicar por ser realmente bem antigo, e começou a me dar artrite nos dedos e nasceram 3 fios de cabelos brancos só de lembrar que eu usava isso....

E o seu Chico resolveu, ou a turma da gravadora resolveu por ele, a usar a net como local para divulgar o novo trabalho, colocando algumas músicas disponíveis na rede e talz. O legal foi a reação do Chico sobre os trolls da net, esqueceram de avisar ele sobre o povo que usa o teclado como armamento pessoal (COM CAPS LOCKS), e que devem ter escrito nos comentários do clip aqueles textos líricos e cheios de sentimento como “ESSE MALDITO VENDIDO DO PT JÁ DEVIA ESTAR NA COVA!!!!”.

Mas Chico levou na boa e morreu de rir dos odiadores profissionais, um senhor como ele não faria como um BBB da vida e ficaria participando dos mimimis dos trolls tentando responder só para ganhar atenção, eu vi dia desses no twitter uma panicat fazendo isso, respondendo um troll só para aparecer, como diria o filósofo seu Omar, “trágico”. Simplesmente o cara não precisa disso.

Sim, eu gosto de Chico Buarque, acho legal, e convenhamos, quer o que como assunto de Youtube, ele ou algum menino falando de mamilos? (procure “assunto polêmico” que vai saber do que estou falando). Bom, estou indo nessa, fim de semana chegando, e vou dormir pra caramba, já que sou um senhor de idade que ouve Chico Buarque, hahahaha... Até um dia desses.