
E vamos com o Le blog, eu tento passar um tempo sem escrever, quietinho no canto fazendo conta e acertando patrimônio, mas não tem jeito, chega a vontade de soltar texto e segue La pelota.
Quase ao mesmo tempo, duas notícias que mexeram o fim de semana de muita gente, o massacre da Noruega e a saideira de Amy Winehouse. Tristezas que o mundo joga via satélite em cima da gente e temos de engolir junto com o café sem pão.
Antes de começar esta postagem, estava prometendo a mim mesmo não fazer comentários sobre estes assuntos, estão sendo devidamente escarafunchados pela imprensa, principalmente a morte da Amy, mas sabe como é, não deu, vamos separar os assuntos.
No caso da Noruega dei uma de Mãe Dinah e fiz uma postagenzinha anterior falando dos extremistas da “supremacia da raça superior” (bleargh).
Como falei, o que me assusta não são tanto um bando de moleques que praticamente carregam um cartaz dizendo: “eu odeio tudo o que não considero ‘raça pura’ e vou arrebentar com meu grupinho quando eu estiver em vantagem de maioria”, o pior são os ódios invisíveis.
Sempre me vem na mente que todos os partidos de extrema direita que governaram países foram na maioria apoiados pela classe média, esta parte da sociedade sem um rosto tão definido como uma real elite ou uma classe trabalhadora.
Eu costumo flanar (verbo antigo....) pela internet em fóruns e sites que em alguns casos você não precisa se identificar ou deixa uma identidade virtual falsa (um fake). E nestes locais de anonimato, muito rancor e ódio fermentam, e vi não poucos apoiando o massacre da Noruega.
Mesmo doentio, alguns consideram o ato uma forma de heroísmo, “ele fez alguma coisa para resolver este problema (!)”, foi o que já ouvi. Mundo louco, mundo muito louco.
E o tchau da Amy... De começo não senti tanto, sim leitor, posso manter uma sensibilidade felina, como o seu gato de estimação que você passa 3 minutos falando dos seus problemas para ele e ele nem mia.
Mas começando a ver mais o trabalho da moça, que não era muito a minha praia musical, sabendo que ela era compositora da maioria das músicas, coisa que desconhecia, achava que ela era apenas intérprete, fui descobrindo que muito se perdeu.
Sim, ela se estourou nas drogas, perto do fim mal fazia shows, ou eram mais para freak show em que o pessoal esperava a hora que ela caísse do palco. Mas ela não era uma coisa fabricada e planejada para o gosto pop, ela tinha algo realmente pessoal para falar, e respeito muito isto no artista.
E não vou cair no papinho manjado de “ah, os artistas precisam das drogas para a criatividade fluir”. Grande maioria das pessoas que exageram em alguma coisa que mexe com o consciente (álcool, maconha, o que seja) costuma não fazer nada realmente produtivo.
Na verdade a probabilidade de fazer merda, além de artisticamente, é bem maior. Droga é uma escapatória de uma realidade que às vezes é muito áspera e pesada, mas ela cobra preços altos por estes pequenos paraísos macios e feitos de vapor. Tá, saiu meio moralismo babaca, mas é o que penso.
É, semana começa meio barra, mas os sobreviventes sempre prosseguem, é o que devemos fazer pra variar... Até um dia desses.