Há algo estranho quando começa a se olhar uma janela às três da tarde. Em algum lugar, outro par de olhos grandes e lindos somente procura ver o que está dentro de um pensamento. Há um amor distante, e ele é visto às três da tarde de um dia de trabalho.
Uma canção retribui o pensamento, e passo a pensar em tantas vezes, de tantos lugares, em que amores longes ficaram se imaginando na curta distância que o carinho exige como regra.
Num distante dia, um homem em navio enfrentando este bicho escuro e ronronante que golpeava o barco com ondas de espuma cinzenta, deixou um pouco os eternos trabalhos e olhou, e este olhar levava para uma terra clara e granulosa, onde outros olhos claros e angulosos o vigiavam com o pensar.
E assim carrego estas distâncias como um espelho infinito de amores longes que nascem, crescem e nunca perecem, sendo o homem o mesmo desde antes de o homem ser o que é, com gerações perdendo o olhar para outros olhares, sem um fim definido pelo horizonte.
Segue portanto a tristeza imemorial de saber amar distante, a sede tão grande da pele, que pede lembrar ou conhecer o toque esperado, sonhado, e por tantas vezes e com tantas razões adiado pela roda do mundo girando e apertando firme as vontades embaixo das janelas, em momentos que acontecem às três da tarde.
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